Vidas salvas a distância – Há esperança no mundo!
Atualmente, as chances de controlar os efeitos devastadores do derrame cerebral, ou acidente vascular cerebral, são cada vez maiores. Médicos treinados conseguem influenciar a evolução do derrame e evitar catástrofes neurológicas em um número crescente de pessoas (entrevista com o dr. Rogério Tuma). Como? Através de tratamentos eficazes em reverter o quadro clínico grave e, talvez mais importante, identificando de forma objetiva e precoce, a ocorrência de um derrame.
Infelizmente, nem todos os médicos são treinados e aptos a fazer o diagnóstico preciso nas fases iniciais de um acidente vascular cerebral. Essa deficiência não se limita a profissionais de cidades pequenas, mas se acentua em zonas afastadas ou no interior do país. De qualquer país.
As conseqüências disso, potencialmente desastrosas para os pacientes, motivaram a criação de vários grupos de estudo para solucionar o problema.
Recentemente, um grupo de pesquisa do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Geórgia, nos EUA, liderado por Sam Wang, divulgou os resultados de um estudo muito promissor. A idéia é inteligente, simples e aparentemente muito eficaz.
Como existe uma dificuldade logística óbvia de treinar milhares de médicos em todos os cantos do mundo para a avaliação neurológica de pacientes com suspeita de derrame, o dr. Wang e seus colaboradores inventaram um meio de levar os especialistas para todos esses cantos. Eles Aproveitaram a difusão maciça da internet e criaram o “telederrame”, chamado de programa Reach (do inglês avaliação remota de derrame isquêmico agudo). Através da internet, um neurologista situado em algum centro especializado avalia detalhadamente os pacientes e emite seu diagnóstico e sua suspeita final: derrame ou não.
A comunidade médica ficou um pouco cética em relação à acurácia da avaliação a distância de um paciente. Será que não seria necessário o contato direto com o doente em questão?
Para responder a esta e a outras dúvidas, o dr. Wang realizou um estudo de validação de resultados. Pacientes atendidos em hospitais da zona rural, com história e quadro clínico suspeitos para um acidente vascular cerebral, foram avaliados no consultório ou no pronto-socorro por neurologistas bem treinados e o diagnóstico definitivo de derrame foi confirmado ou não para cada indivíduo. Ao mesmo tempo, outros neurologistas, localizados a centenas de quilômetros de distância, usaram o programa via internet para avaliar os mesmos pacientes e fornecer diagnósticos, além de recomendações terapêuticas para cada caso.
Os resultados, publicados recentemente na revista médica Stroke, não podiam ser melhores. Tanto neurologistas no consultório, em contato direto com o paciente, quanto aqueles a distância, via internet, chegaram aos mesmos diagnósticos. E, baseados nos critérios indicados pelo NIH (instituto nacional de saúde dos EUA), indicaram os melhores procedimentos.
O programa atenderá comunidades e instituições deficitárias em especialistas. Os pesquisadores não têm dúvida de que a iniciativa terá grande impacto sobre a qualidade e a quantidade de vida dos pacientes com derrame.
Como declarou o dr. Wang, “quando os minutos fazem diferença entre a vida e a morte, a chegada mais rápida do especialista pode ser crucial. Nós chegamos ao paciente na velocidade da luz”.